Acostumadas aos livros, as irmãs Beatriz e Juliana Mello, de 7 anos de idade, iam bem na segunda série, mas precisavam melhorar a produção de textos. A solução apontada pela escola foi a leitura em voz alta. E, para estimular, gravar o momento para que elas mesmas se avaliassem. Foi assim que o simples exercício acabou se transformando em canal de vídeos no YouTube, feito por crianças e para crianças.
“Na hora de gravar, sugeri que contassem um pouco o que acharam do livro para ficar mais divertido”, conta a mãe das gêmeas, Ana Carolina Trotta, 39 anos. “Ao terminar, elas viram e pediram para mostrar ‘para todos os amigos e todas as crianças’.”
O primeiro vídeo foi postado em setembro de 2015, quando o canal Dicas da Bia e da Juju ainda nem tinha nome. Seis meses se passaram e, com a mesma espontaneidade do começo, as meninas seguem com o projeto de literatura infantil até hoje.
A ideia inicial não era ambiciosa. Mas, com a exposição, chegou a preocupar Ana Carolina. “Como era um assunto que acho importante, acabei cedendo; hoje, fico feliz com o resultado”, diz. Na casa dessa família carioca, leitura sempre foi tema de interesse e de incentivo. Desde bebês, Beatriz e Juliana são estimuladas pelos pais a cultivar esse hábito. “Até hoje, mesmo elas já sabendo ler, às vezes revezamos as páginas para lermos juntas”, conta a mãe.
Como brincadeira de criança, que não precisa de muito para ser divertida nem tem hora para acontecer, as garotas gravam quando e sobre os livros que querem. As coleções Go Girl, Bruxa Onilda, Bruxinha Winnie e Casa Amarela são as que Juliana mais gosta. Mas as revistinhas da Turma da Mônica, do Menino Maluquinho e do Riquinho também têm lugar cativo na leitura da menina.
Preferência — Entre os “muitos livros” de que Beatriz gosta, chama atenção a preferência por autores consagrados como Ziraldo, Ruth Rocha e Ana Maria Machado. Talita Rebouças para crianças, histórias sobre animais e princesas, além das revistinhas que a irmã também curte, são outros exemplos das leituras de Bia.
“Elas já gostam muito de livros e de gibis também. Com o canal, o assunto ficou mais presente na vida delas e acabaram lendo mais”, conta Ana Carolina, que também notou melhora na pontuação e na estrutura das frases construídas pelas meninas.
Incentivos – A escola da rede particular onde as irmãs estudam tem projetos de estímulo à leitura e compartilhamento de livros, incluindo uma biblioteca na sala de aula, abastecida pelos próprios alunos. Mas um fator importante para Bia e Juju já serem leitoras, mesmo tão pequenas, é o ambiente familiar. Para elas, ver avós e pais com livros nas mãos sempre foi comum, e as histórias escritas aparecem em vários momentos da vida das irmãs. Sem rotina ou pressão.
“Uma mania que eu e meu marido sempre tivemos é, nas idas ao shopping, parar em uma livraria específica, e elas já pedem para ir lá. Adoram”, garante a mãe, que também se deixou influenciar pelo canal Dicas da Bia e da Juju. Formada em marketing, com pós-graduação em gestão de negócios, Ana Carolina começa a rascunhar projeto de livros diferentes voltados para crianças. Uma iniciativa que começou com o principal incentivo que a mãe recebeu das crianças: o de voltar a ler pela experiência com as histórias, não apenas por obrigação.
Depois da maternidade e com os afazeres do trabalho, ela confessa ter se distanciado do hábito da leitura, reservando esse momento quase sempre apenas para as filhas. “Coloquei um desafio de ler pelo menos 12 livros ‘para mim’ este ano e já estou terminando o terceiro”, afirma. “Elas não só ajudam outras crianças, como me ajudaram a me reconectar com uma antiga paixão.”
Uma amostra de que qualquer um, em qualquer idade, de maneira simples, pode ajudar a criar, ou a recriar, um leitor.
Assessoria de Comunicação Social
Fonte: MEC